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Chama o síndico! Instalação de tomadas de carros elétricos é a treta da vez nos condomínios; saiba quem está certo nessa discussão

Crescimento das vendas de carros elétricos gera nova demanda em empreendimentos residenciais e comerciais — e também muitas discussões

A venda de carros elétricos, sobretudo dos modelos que precisam de tomada, disparou no Brasil. Entre 2022 e 2023 eles cresceram 178%.

No ano passado, consolidaram 100 mil unidades de elétricos e híbridos plug-in emplacadas desde 2012.

E as vendas do primeiro bimestre deste ano já mostram que a tendência é de alta. Nem a volta do imposto de importação inibe esse segmento.

A BYD, por exemplo, ajuda a engrossar o volume com a chegada do Dolphin Mini, que em março teve 2.649 unidades emplacadas, quase a metade do que o País licenciou de veículos elétricos (EV) no mês.

Além dos preços reduzidos, já há carros a partir de R$ 100 mil, em 2025 há planos de novas fabricantes iniciarem a produção nacional de elétricos e híbridos plug-in.

Muito carro elétrico para pouca tomada
Com o crescente número de carros eletrificados rodando nas ruas, a pergunta que fica é: tem tanta tomada assim disponível?

A ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico) estima que existem em torno de 4.600 pontos de recarga em território nacional, sendo que 1.500 estão no estado de São Paulo.

A entidade prevê que em 2 anos o País chegue a 10 mil eletropostos. Os números ideais seriam 3 pontos de recarga para cada 10 carros que precisam de tomada, o que mostra uma imensa defasagem.

Pesquisas globais indicam que mais de 80% dos donos de híbridos plug-in e carros elétricos preferem recarregar suas baterias em casa, pela comodidade.

Um estudo da Bain Company com consumidores do Brasil apontou que 25% consideravam trocar seu atual carro por um elétrico.

O preço é a primeira barreira para 43%, enquanto 33% citaram que a indisponibilidade da rede de recarga/carregamento impedia a compra.

O salto nas vendas já reflete nos condomínios, principalmente os verticais, em todo o País. A procura por serviços de recarga cresce por síndicos e moradores.

Eis que surge mais um foco de discussões nos grupos de Whatsapp dos prédios: criar vagas ou infraestrutura para carros elétricos é mais uma das polêmicas que você vai ouvir falar bastante nas reuniões de condomínio.

As polêmicas dos condomínios
Raquel Valesi, professora do curso de Direito da Universidade São Judas, diz que o condomínio não tem como ignorar a tecnologia, mas também não pode sofrer consequências negativas para atender alguns moradores.

“A maior polêmica está em torno da aptidão de condomínios antigos terem pontos de recarga para carro elétrico e o alto custo. Outra polêmica é o condômino querer realizar a instalação, mas não pode ser autorizada unilateralmente pelo síndico”, explica.

A professora ainda destaca outras questões: será necessário a instalação de novos pontos, com relógios individuais? Será que o condomínio tem capacidade para suportar a nova demanda de energia?

“Essas e tantas outras perguntas e desafios surgem quando falamos sobre tomadas para carros elétricos”, ressalta.

Condôminos e síndicos “do contra”, que acham que isso está longe de nossa realidade, precisam se conscientizar de que é uma demanda crescente – tanto que empreendimentos novos na cidade de São Paulo (residenciais e comerciais) são obrigados por lei (PL 01-00346/17) a entregar a infraestrutura aos moradores.

Raquel cita que há jurisprudência dominante de que o condomínio deve realizar assembleia para autorizar a instalação dessas tomadas.

Contudo, há muitas ações com improcedência nos processos.

“Há uma série de assuntos a serem analisados antes de proceder com a instalação, em especial o elevado custo e se a estrutura do condomínio (antigo) tem como suportar.”

 

 

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