Descubra os sabores do Rio: a riqueza da comida de rua carioca
Conforme enfatiza Paulo Cabral Bastos, a comida de rua no Rio de Janeiro é muito mais do que uma alternativa prática para quem tem pressa — ela faz parte da alma da cidade. Presente nas esquinas, praias, feiras e pontos turísticos, a comida vendida na rua dialoga diretamente com o estilo de vida informal, vibrante e acolhedor do povo carioca. Esses alimentos, muitas vezes preparados de forma artesanal, acompanham o ritmo da cidade e refletem seu dinamismo social e cultural.
Do trabalhador que compra um salgado antes do expediente, ao turista que prova um mate gelado com biscoito Globo em Copacabana, a comida de rua é um elo entre a tradição e a modernidade, entre o sabor e a identidade local. Confira!
Quais são os alimentos típicos mais populares nas ruas do Rio?
A variedade da comida de rua carioca é ampla e saborosa, com opções que atendem diferentes gostos, bolsos e momentos do dia. Paulo Cabral Bastos destaca que entre os itens mais clássicos, estão o cachorro-quente “à moda carioca” (que leva purê, batata palha, milho e até ovo de codorna), o pastel frito com caldo de cana, a tapioca recheada, o hambúrguer artesanal e os espetinhos grelhados.
Nas praias, os vendedores ambulantes oferecem delícias como queijo coalho assado na brasa, camarão no espeto, milho cozido, biscoito Globo e o famoso mate leão gelado, servido em garrafões que são quase ícones da paisagem litorânea. Essa diversidade reflete influências africanas, indígenas, nordestinas e estrangeiras, mostrando como a culinária carioca é uma colcha de retalhos culturais.

Paulo Cabral Bastos
Como a comida de rua se conecta com a história e a identidade cultural do Rio?
A história da comida de rua no Rio é entrelaçada com a formação social da cidade. Desde os tempos coloniais, vendedores ambulantes faziam parte da paisagem urbana, oferecendo quitutes populares que muitas vezes eram preparados por escravizados e libertos, especialmente mulheres negras, que carregavam tabuleiros com bolinhos, angu, cocadas e outras iguarias.
Essa tradição se perpetuou e evoluiu ao longo das décadas, mantendo viva a oralidade, o improviso e o sabor típico das ruas. Para Paulo Cabral Bastos comer na rua no Rio é um ato de conexão com a cidade, com as pessoas e com a herança afetiva de um povo que sempre soube transformar a diversidade em sabor e convivência.
A comida de rua pode ser considerada patrimônio cultural imaterial?
Sim, e cada vez mais pesquisadores, cozinheiros e movimentos sociais têm defendido essa ideia. A comida de rua não é apenas alimento — é cultura viva, é história contada em sabores, é tradição transmitida de forma oral e prática. O modo de preparo, o linguajar dos vendedores, a maneira como os alimentos são apresentados e consumidos, tudo isso compõe um saber coletivo e simbólico.
Segundo Paulo Cabral Bastos, já existem experiências bem-sucedidas no Brasil e no mundo que reconhecem o valor imaterial dessas práticas, como o acarajé das baianas na Bahia. No caso do Rio, incluir a comida de rua no rol de bens culturais seria uma forma de preservar e respeitar o cotidiano popular da cidade, garantindo que ele continue a fazer parte do presente e do futuro urbano.
Em suma, para fortalecer a comida de rua no Rio, é essencial criar políticas públicas que reconheçam e apoiem os ambulantes como parte da economia e da cultura local. O que, de acordo com Paulo Cabral Bastos, inclui regulamentações mais acessíveis, capacitações sanitárias e gastronômicas, investimentos em infraestrutura móvel e programas de microcrédito. A inclusão desses trabalhadores nos debates urbanos, em conjunto com associações e coletivos autônomos, também é fundamental.
Autor: Nester Petrisko